Sistemas
de Informação e Tecnologia da Informação integrados com Planejamentos
Municipais: Estudo de Caso em 14 Pequenas Cidades do Rio Grande do Sul, Brasil
Information systems and
information technology integrated to municipal planning: case study in 14 small cities of Rio Grande do Sul, Brazil
Denis Alcides-Rezende*
José Augusto-Guagliardi
Andréa Zamin-Saad
Abstract
The
objective of this work is to analyse the integration of information systems and
information technology resources in the municipal planning of 14 small cities
of Rio Grande do Sul (Brazil). The research methodology consisted of a multiple
case study together with a convenient non-probabilistic sample chosen through a
research protocol. The results demonstrate the difficulties of these cities to
organise the municipal data as well as their struggle for accessibility of
information and planning for management and control.
Keywords:
information
systems, information technology, municipal planning, strategic integration and
aligning, city manegement.
Resumo
O objetivo
deste trabalho é analisar a integração dos sistemas de informação e dos
recursos da tecnologia da informação nos planos e nos planejamentos municipais
de 14 pequenas cidades do Rio Grande do Sul (Brasil). A metodologia da pesquisa
enfatizou um estudo de caso múltiplo com uma amostra não probabilística por
conveniência, por meio de um protocolo de pesquisa. Os resultados demonstram as
dificuldades das cidades na organização dos dados municipais, na
disponibilização de informações e nos planejamentos para fins de controles e
gestão.
Palavras-chave:
sistemas de informação, tecnologia da informação. planejamentos municipais,
integração e alinhamento estratégico, gestão de cidades.
*
Universidade de São Paulo. Correio-e: denis.rezende@pucpr.br, jaguar@usp.br,
andreasaad@fw.uri.br.
Introdução
As cidades (ou
municípios) estão competindo entre si por razões políticas, e econômicas e
também para oferecer uma qualidade de vida diferenciada aos seus cidadãos. Essa
competitividade exige diferenciadas formas de gerir a cidade e demandam
competências inexoráveis dos gestores municipais nas suas ações cotidianas, que
envolvem os cidadãos e os diversos atores relacionados com a cidade. As
prefeituras brasileiras obedecem a novas legislações e enfrentam um ambiente
competitivo, globalizante e turbulento, necessitando realizar sua
reestruturação, reorganização, flexibilização, adaptação e modificação de forma
política, social, ambiental, financeira e econômica, para continuarem atuantes
de forma competente e participativa. Os instrumentos da administração e da
tecnologia da informação são fundamentais para os gestores das cidades nas suas
ações cotidianas e estratégicas. Nesse contexto, o relevante papel da
tecnologia da informação (incluindo os sistemas de informação) deve ser revisto
e principalmente deve estar integrado ou alinhado com as atividades das
prefeituras e das cidades.
São requeridos
exaustivos exercícios práticos embasados em profunda fundamentação teórica para
integrar e alinhar os emergentes recursos da tecnologia da informação aos
serviços municipais. Esses exercícios estão relacionados às atividades
cotidianas, dinâmicas e inteligentes dos planos e planejamentos municipais, dos
sistemas de informação, da tecnologia da informação e respectivas gestões. Tais
atividades devem ser elaboradas de forma integrada e estruturadas, onde as
informações oportunas e os conhecimentos personalizados são fatores essenciais
para a gestão competente e participativa. Não acontece da noite para o dia a
estruturação dos dados da cidade e a disponibilização compartilhada das
informações e dos conhecimentos dos cidadãos. Essas atividades exigem das
prefeituras planejamento e gestão a curto, médio e longo prazo. A partir dessa
estruturação e disponibilização, os sistemas de informação, a tecnologia da
informação e seus recursos podem agregar valores aos serviços municipais,
contribuindo com a gestão e com o desenvolvimento das mesmas. Inúmeras são as
atividades auxiliadoras que os sistemas de informação, a tecnologia da
informação podem realizar nas cidades para desempenhar seus papéis operacionais
e estratégicos, podendo ser empregados como fundamentais ferramentas para
auxiliar na realização de seus objetivos, atuando por intermédio de seus
gestores de forma ativa, planejada, participativa e oportuna.
As aplicações da
tecnologia da informação também podem ajudar na junção de forças
reconciliadoras da estabilidade das mudanças fiscais, sociais, ambientais,
legais e financeiras. Podem contribuir focando esforços nas ações competentes
das atuações cotidianas, adaptando-se às mudanças freqüentes, mantendo-se
atualizada, melhorando seu desempenho, gerando resultados sociais profícuos,
antecipando informações, gerando cenários, avaliando tendências, satisfazendo
os cidadãos e adequando seus serviços à comunidade local e aos demais
interessados (atores sociais ou stakeholders).
As 5563 cidades
brasileiras apresentam inúmeros problemas em diversos indicadores urbanos,
rurais, ambientais, habitacionais, sociais, culturais, fiscais, financeiros,
econômicos, legais e também estratégicos (Ibge,
2007; Cidades, 2004). Muitos poderiam ser minimizados ou resolvidos por meio da
elaboração e controle dos planos e planejamentos municipais e da gestão
competente destas. Para que os serviços municipais possam ser de qualidade,
produtivos, efetivos, dinâmicos, modernos, perenes, competitivos, inteligentes
e participativos, os planos e planejamentos municipais devem ser elaborados de
forma competente e integrados com a comunidade local e demais interessados.
Nesse sentido a tecnologia da informação pode contribuir com a organização de
dados, sistematização de informações e disseminação de conhecimentos, quando
está integrada ou alinhada com os planos e planejamentos municipais.
Lamentavelmente
de maneira trivial e tradicional, muitos métodos de planos e planejamentos
municipais usam os recursos da tecnologia da informação como processos
elementares nas cidades, focando seus esforços apenas em recursos tecnológicos,
principalmente por falta de visão sistêmica e estratégica do uso desses
recursos tecnológicos integrados ou alinhados aos serviços municipais.
Inclusive, todos os gastos com tecnologia da informação, nas prefeituras, devem
ser justificados e participados para os cidadãos, a fim de evitar o desperdício
de dinheiro, as despesas inúteis em tecnologia e principalmente danos
municipais irrecuperáveis.
Todas essas
dificuldades relatadas, em especial, acontecem com mais ênfase nas pequenas
cidades, tendo em vista seus limitados recursos disponíveis.
As cidades que
possuem dados atualizados, informações oportunas e conhecimentos
personalizados, formalmente organizados e dinamicamente planejados, têm a
prerrogativa de tomar decisões com qualidade, agir com produtividade, efetividade
e transparência.
O objetivo desse
trabalho é analisar a integração dos sistemas de informação e dos recursos da
tecnologia da informação nos planos e nos planejamentos municipais de 14
pequenas cidades do Rio Grande do Sul (Brasil). Para atingir esse objetivo, a
tecnologia da informação será entendida como uma ferramenta tecnológica de
gestão municipal (contemplando inclusive os sistemas de informação), sem ênfase
nos recursos de software e hardware.
1. Fundamentação
teórica
Determinados
conceitos devem ser fundamentados, discutidos, entendidos e disseminados. A
fundamentação deve levar em conta a inexorável Lei de Responsabilidade Fiscal,
a Constituição Federal, o Estatuto da Cidade e a Lei Orgânica Municipal. O
Estatuto da Cidade abrange um conjunto de princípios que expressam cidade,
planos e planejamentos municipais integrados (Estatuto da cidade, 2005).
As cidades
preocupadas com sua gestão, com as questões sócio-ambientais e com a qualidade
de vida dos seus cidadãos devem integrar ou alinhar os seus diferentes planos e
planejamentos municipais, que podem compreender os seguintes instrumentos
integrados: plano plurianual municipal; plano diretor municipal; planejamento
estratégico municipal; políticas municipais (incluindo programa de governo); projetos
participativos municipais; planejamento de recursos humanos; e planejamento de
informações e tecnologias.
1.1. Gestão pública,
gestão urbana e gestão municipal
O conceito de
gestão, sob a ótica da administração, está relacionado com o conjunto de recursos
decisórios e a aplicação das atividades destinadas aos atos de gerir (Mintzberg
et al.,
2000). A gestão pública está direcionada com a capacidade dos governos na
gestão das funções federais, estaduais e municipais, bem como, com a
competência na implementação de respectivas políticas públicas para facilitar
as ações necessárias na condução do país, dos estados e das cidades,
contextualizando a participação dos cidadãos nesses desafios (Frey, 2000;
Ferrari, 1986).
A gestão urbana
pode ser entendida como a gestão da cidade. Está relacionada com o conjunto de
recursos e instrumentos da administração aplicados na cidade como um todo,
visando à qualidade da infra-estrutura e dos serviços urbanos, propiciando as
melhores condições de vida e aproximando os cidadãos nas decisões e ações da
governança pública municipal. Já a gestão municipal, como a gestão da
prefeitura e de seus órgãos, institutos, autarquias e secretarias está
relacionada com o conjunto de recursos e instrumentos da administração aplicada
por meio de seus servidores públicos municipais (Rezende e Castor, 2006).
Gestão pública,
gestão urbana e gestão municipal requerem discussões sobre administração
pública, onde o Estado e seus modelos de gestão têm um papel relevante. As
funções do Estado estão relacionadas com a alocação de recursos oriundos da
arrecadação tributária, a distribuição dos recursos com eqüidade e justiça e
finalmente, a estabilização econômica, social, política e institucional
(Marini, 2003). Tais desafios requerem conceitos de gestão e planejamento
estratégico, triangulando projeto de governo, governabilidade e governança
(Matus, 1993).
1.2. Planos
municipais
O Plano Diretor
da cidade também é chamado de Plano Diretor Municipal ou Planejamento Urbano.
As cidades brasileiras passam e passarão por mudanças profundas que poderão
garantir um futuro de desenvolvimento equilibrado. Também poderão universalizar
o direito à moradia digna em ambiente saudável para todos os seus cidadãos.
Para tanto, as cidades têm de contar com fontes estáveis e seguras de
financiamento para o desenvolvimento urbano indispensável para que estas possam
manter e expandirem-se adequada e democraticamente. Entretanto, para que isso
seja possível, os cidadãos também terão que enfrentar um grande desafio nos próximos
anos, o de instituir formas de planejamento e controle do território municipal.
Juntos, a gestão urbana e a gestão municipal e os cidadãos podem utilizar os
potenciais e limites do seu meio físico, as potencialidades abertas pela
existência de redes de transporte e logística em seus territórios. De forma que
os impactos de seu crescimento e desenvolvimento não se traduzam em
desequilíbrios e deseconomias, como tem sido as experiências recentes de
urbanização. Planejar o futuro da cidade, incorporando todos os setores
sociais, econômicos e políticos que a compõe, de forma a construir um
compromisso entre cidadãos e governos na direção de um projeto que inclua
todos, é o desafio que o Estatuto da Cidade impõe a todos os planos diretores
(Ferrari, 1986; Cidades, 2004). Os princípios que norteiam o Plano Diretor
estão contidos no Estatuto da Cidade onde esse plano está definido como
instrumento básico para orientar a política de desenvolvimento e de ordenamento
da expansão urbana do município (Estatuto da cidade, 2002). É obrigatório para
municípios: com mais de 20 mil habitantes; integrantes de regiões
metropolitanas e aglomerações urbanas; com áreas de especial interesse
turístico; situados em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com
significativo impacto ambiental na região ou no país (Cidades, 2004).
O Plano
Plurianual é exigido pela Constituição Federal (Artigo 165) que estabelece o
sistema orçamentário federal regulado por três leis: a Lei do Plano Plurianual
(ppa); a Lei de Diretrizes
Orçamentária (ldo); e a Lei
Orçamentária Anual (loa). O ppa é de periodicidade quadrienal,
avançando um ano no próximo governo. É um instrumento do planejamento municipal
que estabelece os objetivos, as estratégias e as ações da administração pública
municipal para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para
as relativas aos programas de duração continuada. Dele se derivam a ldo e loa.
O Plano Plurianual Municipal (ppam)
é uma peça de planejamento do município e da prefeitura de médio prazo para
conduzir efetivamente o orçamento e os gastos públicos municipais durante a sua
vigência, para manter o patrimônio público e também para elaborar investimentos
coerentes com as receitas e despesas municipais. A ldo é de periodicidade anual. Estabelece um conjunto de
instruções em termos de normas de forma e o conteúdo com que a lei orçamentária
de cada exercício deve ser apresentada para indicar as prioridades a serem
observadas em sua elaboração. A loa
é de periodicidade anual e proverá os recursos necessários para cada ação
constante da ldo (Cidades, 2005;
Vainer et al.,
2005). O ppam norteia e orienta o
governo municipal quanto à realização dos programas de trabalho para o período
citado, ressaltando todas as obras que se pretenda realizar no período, assim
como também os programas de natureza continuada, como, por exemplo, aqueles
relacionados com educação e saúde. Dessa forma, qualquer ação governamental
municipal somente poderá ser executada durante o ano (execução orçamentária) se
o programa estiver adequadamente inserido no ppam
(Andrade et al.,
2005).
1.3. Planejamentos
municipais
O Planejamento
Estratégico Municipal (pem) é um
processo dinâmico e interativo para determinação dos objetivos, estratégias e
ações do município e da prefeitura. É elaborado por meio de diferentes e
complementares técnicas administrativas com o total envolvimento dos atores
sociais, ou seja, cidadãos, gestores das cidades e demais interessados na
cidade. É formalizado para articular políticas federais, estaduais e municipais
visando produzir resultados no município e gerar qualidade de vida adequada aos
seus cidadãos. É um projeto urbano global que considera os aspectos sociais,
econômicos e territoriais. É uma forma participativa e contínua de pensar o
município no presente e no futuro (Rezende e Castor, 2006). Segundo Pfeiffer
(2000) o pem é um instrumento de
gerenciamento que, como qualquer outro, tem um único propósito: tornar o
trabalho de uma cidade ou prefeitura mais eficiente. O enfoque estratégico no
desenvolvimento local diminui as indecisões e favorece as transformações
econômicas, sociais e políticas nas cidades, para tratar com coerência a
multiplicidade de iniciativas sobre o município, buscando um consenso entre os
múltiplos atores (inclusive o governo) na seleção de um futuro desejável e
factível (Llona et al., 2003). Para Lopes (1998) o pem coordena os vários níveis e funções
estratégicas de uma cidade em um projeto global, considerando a missão, as
estratégias, o orçamento e o controle dos objetivos e das ações municipais.
Ainda, Motta (2004) reitera que o planejamento é uma forma de aprendizado sobre
as demandas e necessidades externas e sobre a capacidade de resposta da
administração pública municipal para revelar expectativas e referências de valor,
essências a um grupo de trabalho.
Todo projeto
deve ser elaborado com uma metodologia adequada, viável, dinâmica e
inteligente. Como o pem é um
projeto do município, ele requer uma metodologia coletiva para sua elaboração e
implementação. Para Matus (1987) a metodologia deve atender a um planejamento
estratégico situacional. De forma análoga e embasada em diversos autores
precursores, Rezende e Castor (2006) recomendam uma metodologia com fases
elaboradas, com equipes multidisciplinares e com a participação efetiva do
cidadão: análises estratégicas; diretrizes estratégicas; estratégias e ações
municipais; e controles municipais e gestão do planejamento.
O Planejamento
de Recursos Humanos está relacionado com a discussão, definição e capacitação
das pessoas requeridas para a elaboração e implementação dos planos e
planejamentos municipais. Deve ser definido o perfil profissional necessário
pala a elaboração dos planos e planejamentos municipais (incluindo os
cidadãos). Num segundo momento deverá ser definido o perfil das pessoas para a
implementação dos planos e planejamentos municipais (Rezende y Castor, 2006).
O Planejamento
das Informações e das Tecnologias está relacionado com a discussão, definição e
organização das informações e das tecnologias necessárias para a elaboração e
implementação dos planos e planejamentos municipais. Essas tecnologias são de
todos os tipos, tais como, industriais, comerciais, de serviços e também a
tecnologia da informação (Boar, 1993; Turban et al., 1996; Lederer e Mahaney, 1996;
Rezende, 2004).
1.4. Sistemas de
informação e tecnologia da informação
Um sistema de
informação propõe como saída, o resultado do processamento de dados ou de
recursos a serem transformados, por exemplo, informação, seja por recursos
computacionais ou não (Stair, 1996; O’Brien, 2001). Os sistemas de informação
poderão contribuir significativamente para a solução de muitos problemas
municipais, à medida que os mesmos gerem informações efetivamente oportunas e
personalizadas. Os sistemas de informação têm como maior objetivo o auxílio dos
processos decisórios da prefeitura. O seu foco deve estar direcionado para os
serviços municipais. Devem ser considerados como ferramentas para determinar
fatores diferenciais da prefeitura (Rezende, 2004).
Um efetivo
sistema de informação pode ter resolutividade operacional, um grande impacto
nas estratégias municipais e no sucesso das prefeituras, beneficiando as
mesmas, os cidadãos e qualquer indivíduo ou grupo que interagir com os sistemas
municipais (Stair, 1996). Os benefícios dos SI são amplamente relatados e
justificados na literatura e nos artigos pertinentes. Eles devem se apresentar
como instrumentos geradores de fatores de solução dos problemas municipais
(Freitas et al.,
1997; Laudon e Laudon, 1996). Para facilitar as soluções de problemas
municipais, os sistemas de informação devem estar integrados e com relação de
interdependência entre os subsistemas envolvidos, que resultam principalmente
na troca de informações entre eles. Essa integração também pode ser chamada de
visão sistêmica, abordagem sistêmica, visão de floresta, engrenagem municipal,
sinergia da informação ou conjunto harmônico das funções organizacionais. Desta
forma, os sistemas de informação podem se apresentar como subsistemas de informação
ou funções organizacionais, divididos em: produção ou serviços; comercial ou
marketing; materiais ou logística; financeiro; jurídico legal; recursos humanos
e seus respectivos módulos (Rezende, 2004). Somente com a integração desses
subsistemas será possível produzir informações oportunas e personalizadas.
Os níveis das
informações e das decisões nas prefeituras podem obedecer à hierarquia padrão
existente na maioria das organizações (pirâmide organizacional). Estes níveis
são conhecidos como estratégico, tático e operacional. O tipo de decisão que é
tomada em cada nível requer diferente grau de agregação de dados e de
informação. Os diferentes níveis de decisões requerem diferentes informações
nos seus diversos tipos de produtos externados, tais como telas, relatórios,
etc. Na prática não existe uma classificação rígida, permitindo aos
interessados e às prefeituras, classificarem seus sistemas de diversas
maneiras. Genericamente os sistemas de informação podem ser classificados em
operacional, gerencial e estratégico (Kroenke, 1992; Kendall e Kendall, 1992;
Bio, 1993; Stair, 1996; Freitas et al., 1997; Laudon e Laudon, 1996). A
principal diferença entre os sistemas de informação nessa classificação está na
forma de apresentação das informações para seus usuários. Os Sistemas de
Informação Operacionais fornecem informações no seu detalhe. Os Sistemas de
Informação Gerenciais disponibilizam informações agrupadas ou sintetizadas. E
os Sistemas de Informação Estratégicos possibilitam as comparações das informações
tanto no meio ambiente interno da prefeitura e externo entre outros municípios,
inclusive gerando indicadores e alguns conhecimentos.
Outro modo de
classificar os sistemas de informação é segundo a abrangência das prefeituras.
Desta forma, existem os sistemas nos níveis: pessoal; de grupo (ou
departamental); organizacional; e interorganizacionais, nos quais se enquadram
os sistemas globais de informação, envolvendo várias prefeituras de diferentes
cidades (Kroenke, 1992).
A tecnologia da
informação pode ser conceituada como recursos tecnológicos e computacionais
para guarda de dados, geração e uso da informação. Está fundamentada nos
seguintes componentes: hardware e seus dispositivos e periféricos; software e
seus recursos; sistemas de telecomunicações; gestão de dados e informações
(Stair, 1996; Turban et al., 1996).
Os sistemas de
telecomunicações e seus respectivos recursos são subsistemas especiais do
sistema de informação global das organizações. As comunicações podem ser
definidas como as transmissões de sinais por um meio qualquer, de um emissor
para um receptor. As telecomunicações se referem à transmissão eletrônica de
sinais para comunicações. As comunicações de dados são um subconjunto
especializado de telecomunicações que se referem à coleta, processamento e
distribuição eletrônica de dados, normalmente entre os dispositivos de hardware
de computadores.
A gestão de
dados e informações compreende as atividades de guarda e recuperação de dados,
níveis e controle de acesso das informações (Norton, 1996). Requerendo para
essa gestão um completo plano de contingência e um plano de segurança de dados
e informações. Todos estes componentes interagem e necessitam do componente
fundamental que é o recurso humano (Boar, 1993).
Quanto às
tecnologias da informação aplicadas à geração de informações oportunas e
conhecimentos organizacionais personalizados, podem ser destacadas: executive
information systems; enterprise
resource planning;
sistemas de apoio a decisões; sistemas gerenciadores de banco de dados; data
warehouse;
inteligência artificial; sistemas especialistas; data
mining; database
marketing; recursos
da internet e
portais; automação de escritórios; recursos on-line
analytic processing e
on-line transaction processing; gerenciamento eletrônico de documentos;
groupware;
workflow e
automação de processos; software de business intelligence; ferramentas de apoio à inovação e
produtos; software específico; entre diversas outras (Stair, 1996; Laudon e
Laudon, 1996; O’Brien, 2001).
O Planejamento
Estratégico da Tecnologia da Informação (peti)
é um processo dinâmico e interativo para estruturar estratégica, tática e
operacionalmente as informações organizacionais, os sistemas de informação, a
tecnologia da informação (e seus recursos: hardware, software, sistemas de
telecomunicações, gestão de dados e informações), as pessoas envolvidas e a
infra-estrutura necessária para o atendimento de todas as decisões, ações e
respectivos processos da organização (Premkumar e King, 1992; Boar, 1993;
Turban et al.,
1996; Lederer e Mahaney, 1996; Stair, 1996; Rezende, 2004).
O alinhamento
entre o peti e os planos e
planejamentos municipais pode se constituir a partir das satisfatórias relações
verticais, horizontais, transversais, dinâmicas e sinérgicas das funções
municipais e os recursos da tecnologia da informação. A integração ou o
alinhamento pode promover o ajuste ou a adequação operacional e estratégica das
tecnologias disponíveis de todo Município, como uma ferramenta de gestão
municipal contemplada pelos conceitos de qualidade, produtividade, efetividade,
modernidade, perenidade, rentabilidade, inteligência competitiva e inteligência
municipal (Rockart e Morton, 1984; Henderson e Venkatraman, 1993; Boar, 1993;
Rezende, 2004).
2. Metodologia da
pesquisa
A metodologia de
pesquisa empregada se constitui numa abordagem de natureza aplicada numa
realidade circunstancial, favorecendo o método indutivo das experiências
vivenciadas dos autores pesquisadores, tanto em projetos de assessoramento e
pesquisa-ação em cidades como em projetos acadêmicos em sala de aula de
graduação e mestrado (Nachmias e Nachmias, 1987; Gil, 1999). Foi aplicada
porque gerou novos conhecimentos úteis para o avanço da ciência e para
verificação prática dirigidos à solução ou facilitação de problemas relativos
às variáveis do estudo de caso múltiplo (Marconi e Lakatos, 1996).
Os procedimentos
metodológicos foram divididos em duas fases. Na primeira fase teve ênfase na
abordagem exploratória e qualitativa. Do ponto de vista de seus objetivos, a
pesquisa foi exploratória, quando elaborou o levantamento bibliográfico, a
pesquisa documental e a definição do protocolo de pesquisa com suas diferentes
variáveis para posteriormente analisar a realidade das cidades pesquisadas
(Gil, 1999). No que diz respeito à forma da abordagem do problema, essa
pesquisa foi qualitativa, pois descreveu as questões dinâmicas dos planos e
planejamentos municipais, dos sistemas de informação e recursos da tecnologia
da informação e da gestão, por meio de um survey em 52 cidades. Contextualizadas desde
a fundamentação teórica até a avaliação do estado da arte dos temas em questão.
Dessa forma, foram utilizados fenômenos qualitativos descritos e suas diversas
variáveis, não necessariamente traduzidas somente em números quantitativos ou
em processos estritamente metódicos (Nachmias e Nachmias, 1987).
A segunda fase
da pesquisa contemplou principalmente as abordagens descritiva e quantitativa e
o estudo de caso nas 14 cidades. No tocante aos seus objetivos, foi descritiva
quando descreveu a análise das variáveis que estabeleceram as relações entre os
planos e planejamentos municipais, os sistemas de informação e os recursos da
tecnologia da informação e a gestão de 14 cidades. E também na observação da
real experiência quando da realização do estudo de caso nas 14 cidades,
abordando os aspectos de descrição, registro, análise e interpretação das
variáveis constantes no protocolo da pesquisa (Marconi e Lakatos, 1996). Quanto
à forma da abordagem do problema, a pesquisa teve sua pequena vertente
quantitativa, de caráter interpretativo, a partir da análise das variáveis das
cidades pesquisadas (Gil, 1999). A segunda fase da pesquisa evidenciou o estudo
de caso em 14 pequenas cidades gaúchas explorando fenômenos com base em
diferentes ângulos (Roesch, 1999; Yin, 1994).
Essa pesquisa
mesclou abordagens justificadas pelo ecletismo e integração de métodos de
pesquisa indissociáveis (Nachmias e Nachmias, 1987; Vergara, 2005).
2.1. Fases das
pesquisas
A metodologia da
pesquisa foi dividida em duas fases para que seus dois objetivos fossem
alcançados, onde foram trabalhados determinados passos (preparação para a
pesquisa; fundamentação teórica; organização para o estudo de caso; análise e
documentação) os quais definiram os objetivos, as atividades elaboradas e os
resultados auferidos.
Com a primeira
fase realizada foi possível mostrar a importância e necessidade dos planos e
planejamentos municipais, dos sistemas de informação e recursos da tecnologia
da informação e da gestão de 52 cidades, fundamentando e definindo as variáveis
para a integração desses construtos. O período de realização dessas atividades
foi durante o ano de 2004 e o primeiro semestre de 2005.
A segunda fase
da pesquisa enfatizou a realização de um estudo de caso em 14 pequenas cidades
gaúchas para mostrar as relações propostas. O período de realização dessas
atividades foi durante o segundo semestre de 2005 e início de 2006.
Ambas as fases
são partes integrantes de uma pesquisa mais ampla que estuda a práticas das
aplicações dos sistemas de informação e dos recursos da tecnologia da
informação e suas contribuições no planejamento e na gestão estratégica de
cidades brasileiras e internacionais. Essas atividades fazem parte de um
projeto de pesquisa de um programa de mestrado.
2.2. Protocolo da
pesquisa
O delineamento da
pesquisa determina o que deve ser pesquisado e o que dever ser analisado
(Roesch, 1999: 126). Para que a análise dos dados levantados fosse viabilizada,
foi necessário pesquisar e definir variáveis (ou critérios) para direcionar e
interpretar os seus resultados. Essas variáveis são partes fundamentais do
protocolo da pesquisa. Nesse protocolo foi estabelecida uma relação entre os
construtos e respectivas variáveis com os autores que fundamentaram as
variáveis e respectivas perguntas constantes nos roteiros utilizados na
pesquisa. Cada variável continha perguntas, as quais determinaram a forma de
medição.
Os instrumentos
de coleta de dados da pesquisa foram: roteiro de levantamento de dados; roteiro
de entrevistas; entrevistas; e observações assistemáticas. Os roteiros foram
organizados e estruturados a partir da fundamentação teórica e das experiências
vivenciadas dos pesquisadores. Foram cuidadosamente analisados por professores,
pesquisadores e profissionais da área, para corroborar com sua confiabilidade e
validabilidade. Estavam estruturados em: dados da cidade; identificação do
respondente; frases ou perguntas fechadas e abertas, divididas nos construtos
do protocolo da pesquisa. A observação assistemática se consistiu no registro
de fatos da realidade, elaborada de maneira espontânea conforme os fatos e
atividades de pesquisa ocorreram (Marconi e Lakatos, 1996; Gil, 1999).
A unidade de
observação para as entrevistas foi constituída pelos integrantes das equipes
internas de servidores públicos municipais das cidades, mais direcionadas às
Secretarias Municipais de Planejamento e às Unidades de Planejamento e de
Informática. A amostra do estudo de caso foi definida em função da
acessibilidade por conveniência (Gil, 1999, p. 104).
O protocolo da
pesquisa foi dividido em construtos: unidade ou departamento da tecnologia da
informação ou informática; hardware; software; sistemas de telecomunicação;
gestão de dados e informação; sistemas de informação; planos e planejamentos
municipais; e contribuições e alinhamento dos sistemas de informação e da
tecnologia da informação aos planos e planejamentos municipais.
Cada um dos
construtos foi desmembrado em variáveis. A Unidade ou
Departamento da Tecnologia da Informação ou Informática com as variáveis: subordinação da
unidade; existência de instituto externo à prefeitura; número de servidores
públicos municipais; número de prestadores de serviços; percentual (ou valores)
de arrecadação destinado à tecnologia da informação; treinamentos de tecnologia
da informação para os técnicos da tecnologia da informação; e treinamentos de
tecnologia da informação para os usuários (servidores públicos municipais). O Hardware com as variáveis: número de
computadores na prefeitura, secretarias municipais e demais órgãos municipais;
e tipos de computadores. O Software com as variáveis: sistema
operacional; linguagens de programação; e outras tecnologias. Os Sistemas
de Telecomunicação
com as variáveis: software de rede; e tipo de cabeamento e equipamentos. A Gestão
de Dados e Informação
com as variáveis: cópias dos dados (backup); recuperações dos dados (restore); senhas para acesso aos dados dos
sistemas; e níveis de navegação nas informações dos sistemas. Os Sistemas
de Informação com as
variáveis: sistemas municipais informatizados; integração dos sistemas
municipais; sistemas gerenciais e estratégicos; e sistemas de governo
eletrônico (e-gov) ou portal municipal. Os Planos e
Planejamentos Municipais
com as variáveis: Plano Plurianual Municipal; Plano Diretor Municipal;
Planejamento Estratégico Municipal; Planejamento Estratégico dos Sistemas de
Informação e da Tecnologia da Informação; Planejamento dos Recursos Humanos
(servidores públicos municipais); Integração ou alinhamento entre os planejamentos
e planos municipais; e fatores que sustentam a integração entre os
planejamentos e planos municipais. E finalmente o construto Contribuições
e Alinhamento dos Sistemas de Informação e da Tecnologia da Informação aos planos e planejamentos municipais
com a variável: formas de contribuição.
Cada uma dessas
variáveis possui seus respectivos autores fundamentados.
3. As cidades
envolvidas da região do médio alto uruguai do estado do rio grande do sul e as
suas peculiaridades
Foram descritas
algumas características da regionalização no Estado do Rio Grande do Sul e as
especificidades da Região do Médio Alto Uruguai e destacados, de forma sucinta,
alguns aspectos e indicadores econômicos, sociais, históricos e culturais.
3.1. O Brasil e suas
regiões
As Regiões do
Brasil são divisões que têm caráter legal e que foram propostas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (ibge,
2007) em 1969. O ibge levou em
consideração apenas aspectos naturais na divisão do país, como clima, relevo,
vegetação e hidrografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas
como «regiões naturais do Brasil». Há
uma pequena exceção com relação à região Sudeste, que foi criada levando-se
parcialmente em conta aspectos humanos (desenvolvimento industrial e urbano).
Cada uma dessas divisões é composta por uma região, e as regiões brasileiras
são: Centro-Oeste; Nordeste; Norte; Sudeste; e Sul. Região Centro-Oeste, que se
compõe dos estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e do Distrito
Federal. Possui um território de 1.604.852 km2 (18,9% do território nacional).
Sua população é de cerca de 12 milhões de habitantes. Região Nordeste, que se
compõe dos estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Possui um território de 1.556.001 km2
(18,2% do território nacional), dentro dos quais está localizado o Polígono das
secas. Sua população é pouco superior a 50 milhões de habitantes. Região Norte,
que se compõe dos estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e
Tocantins. Possui um território de 3.851.560 km2 (45,2% do território
nacional), e uma população pouco superior a 14 milhões de habitantes – o que
faz dela a região com menor densidade demográfica. Região Sudeste, que se
compõe dos estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.
Possui um território de 927.286 km2 (10,6% do território nacional). Sua
população é de cerca de 77 milhões de habitantes. Região Sul, que se compõe dos
estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Possui um território de
575.316 km2 (6,8% do território nacional) e sua população é de mais
de 26 milhões de habitantes.
3.2. A
regionalização no Estado do Rio Grande do Sul
No contexto da
descentralização, participação e regionalização deflagrada a partir da
Constituição Federal de 1998 e da Constituição Estadual de 1989, foi propiciada
uma participação maior da sociedade civil na definição das políticas de
desenvolvimento. Assim, surgiram no Rio Grande do Sul os Conselhos Regionais de
Desenvolvimento (Coredes) como uma nova proposta de regionalização e ação
político-administrativa visando ao desenvolvimento. Segundo Siedenberg, Saad e
Senger (2005: 212), os Coredes surgem no intuito de “promover o desenvolvimento
regional harmônico e sustentável; integrar os recursos e as ações do governo na
região; melhorar a qualidade de vida da população; distribuir de forma
eqüitativa a riqueza produzida; estimular a permanência da população em sua
região e preservar e recuperar o meio ambiente”. Os Coredes configuram uma das
principais instâncias de planejamento e desenvolvimento regional. Tais
conselhos foram criados no Estado do Rio Grande do Sul por meio da Lei Estadual
n.10.238/94 e constituem-se em fórum de discussão e decisão a respeito de
políticas públicas e ações que fomentem o desenvolvimento com sustentabilidade.
Sua missão é ser espaço plural e aberto de construção de parcerias sociais e
econômicas, em nível regional, através da articulação política dos interesses
locais e setoriais em torno de estratégias próprias e específicas de
desenvolvimento para as regiões do Rio Grande do Sul.
Segundo Codemau
(2005: 7) os objetivos dos coredes
são: formular e executar estratégias regionais, consolidando-as em planos
estratégicos de desenvolvimento regional; avançar a participação social cidadã,
combinando múltiplas formas de democracia direta com representação política;
constituir-se em instância de regionalização das estratégias e das ações do
Executivo, Legislativo e Judiciário, do Rio Grande do Sul, conforme estabelece
a Constituição do Estado; avançar na construção de espaços públicos de controle
social dos mercados e dos mais diversos aparelhos do Estado; conquistar e
estimular a crescente participação social cidadã na definição dos rumos do
processo de desenvolvimento; intensificar o processo de construção de uma
organização social pró-desenvolvimento regional; difundir a filosofia e a
prática cooperativa de se pensar e fazer o desenvolvimento regional em
parceria. Os princípios que norteiam os trabalhos de organização e formulação
de planos de desenvolvimento regional nos Coredes, segundo o Codemau (2005: 8),
são: promoção de desenvolvimento regional; autonomia; pluralidade e
identificação de consensos; confiança, cooperação e formulação de parcerias;
integração, articulação e consolidação das identidades regionais; busca da
regionalização das políticas de desenvolvimento; aumento permanente da
representatividade e da organização e apoio à continuidade das políticas
públicas de interesse regional. A missão, visão e princípios pré-estabelecidos
pautam as atividades do Codemau (2005: 11) em: promover a participação de todos
os segmentos da sociedade regional no diagnóstico de suas necessidades e
potencialidades para a formulação e implementação das políticas de desenvolvimento
integrado da região; manter espaço permanente de participação democrática,
resgatando a cidadania, através da valorização da ação política; constituir-se
em instância de regionalização do orçamento do Estado, conforme estabelece o
Art. 149, parágrafo 8 da Constituição do Estado; orientar e acompanhar de forma
sistemática o desempenho das ações do Governo Estadual e Federal na região;
respaldar as ações do Governo do Estado na busca de maior participação nas
decisões nacionais.
Atualmente, existem
24 Coredes constituídos no Estado. Entre eles está o Coredes Médio Alto
Uruguai, também chamado de Codemau, o qual abrange a área dos municípios objeto
dessa pesquisa e compreende os municípios do extremo norte do Estado do Rio
Grande do Sul. Faz divisa com o Estado de Santa Catarina (Figura 1), possui
173.080 habitantes, distribuídos numa área de 5.258,0 km², configurando uma
densidade demográfica de 32,91 hab/km² (Fee, 2004). Configura algo em torno de
2 % do total do território gaúcho. Nesse espaço estão distribuídos 30 (ou 6 %
dos 496) municípios gaúchos. Em função destas proporções decorre a existência
de municípios de pequeno porte no que diz respeito à sua dimensão geográfica.
Figura i
Mapa da região
do Médio Alto Uruguai do Estado do Rio Grande do Sul
Fonte: Codemau, 2005
A população das
cidades envolvidas (ou municípios) nesta análise representa, em conjunto,
61,18% dos habitantes da Região do Médio Alto Uruguai, o que configura uma
amostra razoável de investigação. A principal característica econômica é a
predominância de minifúndios e agricultura familiar. A menor cidade possui
2.365 habitantes e a maior possui 12.818 habitantes. O número médio de
servidores públicos municipais é de 196,1 pessoas. O valor médio de arrecadação
anual é de R$ 4.159.270,57.
O Codemau
iniciou suas atividades em 1992, abrange 30 municípios e soma uma população de
173.080 habitantes (fee, 2004).
Sua sede está localizada junto a uri-Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões em Frederico Westphalen, a
qual está dotada de logística, equipe de assessores e colaboradores para
atender à missão e aos objetivos e demandas regionais anteriormente
explicitadas.
Segundo
Bernardes (1997), o Rio Grande do Sul foi a derradeira parte do Brasil a ser
povoada e, dentro do Rio Grande do Sul, o extremo norte foi a última região que
despertou interesse pela exploração econômica, basicamente em função do relevo
e da vegetação oferecer maiores dificuldades de ocupação do território. Isso
explica porque a região do Médio Alto Uruguai foi considerada, por um bom
tempo, como uma das regiões mais atrasadas do Rio Grande do Sul. Apesar de essa
realidade estar se alterando, ainda há um longo caminho para trilhar, pois
existem entraves consideráveis. Contudo, muitos avanços aconteceram ao longo
dos anos e pode-se considerar que grande parte são conquistas resultantes da
articulação da própria sociedade e das parcerias estabelecidas entre as
instituições de ensino. Principalmente a Universidade Regional Integrada do
Alto Uruguai e das Missões (uri),
as Prefeituras Municipais, o Codemau-Conselho de Desenvolvimento do Médio Alto
Uruguai, as Câmaras de Vereadores, as Organizações Governamentais e
Não-Governamentais, o Governo do Estado e o Governo Federal. Através de
programas governamentais, várias ações, visando ao desenvolvimento regional,
estão sendo realizadas com a participação de diferentes segmentos, estimulando
a cooperação e a integração entre os municípios da região.
Em comparação
com outras regiões do Estado, constata-se que a região do Médio Alto Uruguai
possui um baixo dinamismo comercial e industrial e oferece escassas
oportunidades de trabalho nestes dois setores, ocasionando a migração de
pessoas para áreas industrializadas do Estado do Rio Grande do Sul e até mesmo
para outras regiões do país. Contudo, a região vem se destacando pela crescente
exploração da diversidade de bens naturais. Há um grande potencial em águas
minerais, pedras preciosas, lama medicinal, matas, cachoeiras e rios. Com base
nesse contexto, o codemau vem
promovendo iniciativas de fomento ao turismo na região, principalmente nos
municípios de Ametista do Sul, Iraí, Frederico Westphalen e Vicente Dutra.
3.3. Indicadores das
cidades
Dos quatorze
municípios selecionados para o estudo, nenhum apresenta o indicador de
desenvolvimento sócio econômico (idese)
acima da média do estado do Rio Grande do Sul durante os anos avaliados (1991,
2000, 2001, 2002, 2003), que em 2003 obteve um idese
de 0,757 (Quadro 6). Como o indicador de desenvolvimento sócio-econômico (idese) é uma média aritmética dos
indicadores relacionados à educação, renda, saneamento e saúde, considera-se
que seus pesos são proporcionais. Para cada indicador, os 496 municípios do Rio
Grande do Sul são ordenados de forma decrescente, são divididos em quartis conforme o seguinte quadro:
Quadro 1
Quartil
referencial
Quartil |
de |
até |
1 |
1 |
124 |
2 |
125 |
248 |
3 |
249 |
372 |
4 |
373 |
496 |
Neste sentido,
os municípios analisados, considerando o idese,
dois (Vista Alegre e Rodeio Bonito) estão no segundo quartil; três no terceiro
quartil (Pinhal, Nonoai e Cerro Grande) e; nove no quarto quartil (Dois Irmãos
das Missões, Seberi, Liberato Salzano, Pinheirinho do Vale, Novo Tirandentes,
Alpestre, Jaboticaba, Três Palmeiras e Palmitinho).
3.3.1. Educação
Em 1991, somente
dois municípios, Rodeio Bonito (0,773) e Seberi (0,768), estavam com o
indicador de educação acima da média estadual (0,765), todos os demais
municípios estavam com o indicador educação abaixo. Em 2003, os dois municípios
mantiveram suas posições na região do mau,
com a inclusão do município de Novo Tiradentes na terceira posição. No entanto,
houve uma pequena melhora em todos os municípios, mas não de forma suficiente,
sendo que todos, com exceção de Rodeio Bonito, foram rebaixados no posicionamento
em relação aos demais municípios do Estado do Rio Grande do Sul (Quadro 2). O
Quadro 2 representa a evolução do indicador Educação e, considerando o
indicador para todos os municípios do estado, Rodeio Bonito obteve um
desempenho excepcional, pois em 1991 estava na nonagésima primeira colocação e
em 2003 saltou para quinto lugar. Esta melhora significativa não encontra
paralelos nos demais indicadores e não são explicados por eles. Apesar da
melhora do indicador em todos, com destaque para os municípios de Rodeio
Bonito, que saltou da nonagésima primeira posição para quinta posição em 2003,
e de Novo Tiradentes, que saiu da posição 275 em 2000, para 222 em 2003,
Palmitinho ficou na posição 495, entre os 496 municípios do Rio Grande do Sul.
O que se percebe é que o indicador de Educação mantém tendência de crescimento
nos períodos observados.
Quadro 2
Evolução do
indicador de Educação nos municípios do Médio alto Uruguai
1991 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
||||||
Educação |
Educação |
Educação |
Educação |
Educação |
||||||
Municípios |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Rodeio Bonito |
0,773 |
91 |
0,921 |
7 |
0,924 |
9 |
0,951 |
5 |
0,960 |
5 |
Seberi |
0,768 |
101 |
0,842 |
170 |
0,847 |
180 |
0,854 |
188 |
0,861 |
189 |
Novo Tiradentes |
* |
* |
0,819 |
275 |
0,813 |
352 |
0,848 |
218 |
0,855 |
222 |
Liberato Salzano |
0,749 |
181 |
0,825 |
244 |
0,821 |
311 |
0,836 |
269 |
0,839 |
286 |
Pinheirinho do Vale |
* |
* |
0,815 |
301 |
0,818 |
330 |
0,834 |
284 |
0,835 |
303 |
Dois Irmãos das |
||||||||||
Missões |
* |
* |
0,789 |
400 |
0,790 |
433 |
0,820 |
356 |
0,834 |
316 |
Nonoai |
0,721 |
258 |
0,845 |
157 |
0,841 |
208 |
0,833 |
287 |
0,832 |
324 |
Cerro Grande |
0,695 |
310 |
0,815 |
299 |
0,805 |
395 |
0,821 |
348 |
0,831 |
332 |
Alpestre |
0,703 |
300 |
0,816 |
295 |
0,824 |
293 |
0,818 |
363 |
0,824 |
366 |
Vista Alegre |
0,713 |
285 |
0,800 |
363 |
0,800 |
406 |
0,809 |
401 |
0,816 |
396 |
Jaboticaba |
0,695 |
311 |
0,787 |
406 |
0,789 |
438 |
0,803 |
420 |
0,809 |
418 |
Três Palmeiras |
0,703 |
299 |
0,755 |
450 |
0,763 |
478 |
0,778 |
469 |
0,794 |
454 |
Pinhal |
0,719 |
267 |
0,788 |
401 |
0,790 |
436 |
0,786 |
457 |
0,791 |
460 |
Palmitinho |
0,631 |
333 |
0,728 |
465 |
0,732 |
494 |
0,732 |
495 |
0,739 |
495 |
Rio Grande do Sul |
0,765 |
0,838 |
0,841 |
0,847 |
0,853 |
Fonte: fee/Centro
de Informações Estatísticas (cie).
*Municípios
não existentes em 1991.
3.3.2. Renda
Entre 1991 e
2003, os municípios Vista Alegre, Dois Irmãos das Missões, Seberi, Nonoai,
Alpestre e Rodeio Bonito, tiveram seus indicadores melhorados, inclusive
subiram no posicionamento entre os demais municípios do Rio Grande do Sul
(Quadro 3). No mesmo período, os municípios Pinhal, Três Palmeiras, Jaboticaba,
Cerro Grande, Liberato Salzano, Pinheirinho do Vale, Novo Tiradentes,
melhoraram o indicador, porém, pioraram seu posicionamento em relação aos
demais municípios do Rio Grande do Sul. Palmitinho foi exceção, pois seu
indicador de Renda piorou, rebaixando sua posição de 310 para 486. O indicador
de Renda obteve, em 2003, um crescimento anual (1,45%) em relação aos anos anteriores,
sendo que, junto com o indicador de Educação, foi o responsável pela melhora do
idese neste ano.
Quadro 3
Evolução do
indicador de Renda nos municípios do Médio alto Uruguai
1991 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
||||||
Renda |
Renda |
Renda |
Renda |
Renda |
||||||
Municípios |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Vista Alegre |
0,632 |
127 |
0,712 |
106 |
0,759 |
71 |
0,727 |
118 |
0,824 |
45 |
Dois Irmãos das Missões |
* |
* |
0,724 |
90 |
0,739 |
91 |
0,743 |
102 |
0,806 |
71 |
Seberi |
0,544 |
244 |
0,693 |
137 |
0,702 |
142 |
0,745 |
99 |
0,779 |
106 |
Nonoai |
0,462 |
320 |
0,629 |
255 |
0,656 |
229 |
0,645 |
264 |
0,734 |
156 |
Alpestre |
0,468 |
316 |
0,576 |
343 |
0,659 |
220 |
0,663 |
226 |
0,705 |
198 |
Rodeio Bonito |
0,575 |
205 |
0,660 |
194 |
0,656 |
228 |
0,668 |
211 |
0,683 |
232 |
Pinhal |
0,547 |
238 |
0,588 |
326 |
0,594 |
341 |
0,626 |
301 |
0,623 |
350 |
Três Palmeiras |
0,500 |
289 |
0,626 |
262 |
0,613 |
315 |
0,610 |
337 |
0,597 |
388 |
Jaboticaba |
0,487 |
302 |
0,552 |
385 |
0,555 |
404 |
0,581 |
385 |
0,590 |
398 |
Cerro Grande |
0,500 |
290 |
0,580 |
338 |
0,580 |
362 |
0,570 |
400 |
0,577 |
411 |
Liberato Salzano |
0,488 |
301 |
0,532 |
407 |
0,533 |
433 |
0,543 |
435 |
0,557 |
439 |
Pinheirinho do Vale |
* |
* |
0,512 |
429 |
0,514 |
450 |
0,533 |
445 |
0,552 |
444 |
Novo Tiradentes |
* |
* |
0,476 |
445 |
0,484 |
465 |
0,481 |
472 |
0,510 |
473 |
Palmitinho |
0,479 |
310 |
0,438 |
459 |
0,437 |
483 |
0,448 |
485 |
0,466 |
486 |
Rio Grande do Sul |
0,708 |
0,757 |
0,753 |
0,758 |
0,769 |
Fonte: fee/Centro
de Informações Estatísticas (cie).
*Municípios não existentes em
1991
3.3.3. Saneamento
Com exceção de
Seberi, os demais municípios melhoraram seus indicadores de saneamento. Porém,
esta melhora não foi significativa, posicionando os municípios da região
avaliada entre os piores do Rio Grande do Sul (Quadro 4).
Quadro 4
Evolução do
indicador de saneamento nos municípios do Médio alto Uruguai
1991 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
||||||
Saneamento |
Saneamento |
Saneamento |
Saneamento |
Saneamento |
||||||
Municípios |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Pinhal |
0,257 |
166 |
0,418 |
166 |
0,419 |
172 |
0,421 |
172 |
0,422 |
172 |
Vista Alegre |
0,151 |
266 |
0,363 |
225 |
0,380 |
217 |
0,381 |
217 |
0,382 |
217 |
Cerro Grande |
0,119 |
288 |
0,327 |
267 |
0,331 |
269 |
0,334 |
267 |
0,338 |
266 |
Nonoai |
0,174 |
248 |
0,280 |
308 |
0,282 |
313 |
0,284 |
314 |
0,286 |
315 |
Rodeio Bonito |
0,207 |
217 |
0,264 |
327 |
0,267 |
331 |
0,270 |
331 |
0,273 |
330 |
Palmitinho |
0,100 |
298 |
0,191 |
384 |
0,192 |
394 |
0,194 |
394 |
0,195 |
393 |
Pinheirinho do Vale |
* |
* |
0,181 |
386 |
0,184 |
398 |
0,186 |
398 |
0,188 |
398 |
Novo Tiradentes |
* |
* |
0,176 |
390 |
0,179 |
402 |
0,182 |
401 |
0,185 |
400 |
Liberato Salzano |
0,101 |
297 |
0,169 |
392 |
0,173 |
404 |
0,175 |
404 |
0,178 |
403 |
Jaboticaba |
0,122 |
284 |
0,171 |
391 |
0,172 |
405 |
0,173 |
406 |
0,175 |
407 |
Dois Irmãos das Missões |
* |
* |
0,056 |
438 |
0,060 |
457 |
0,063 |
454 |
0,067 |
453 |
Alpestre |
0,039 |
325 |
0,052 |
446 |
0,055 |
471 |
0,058 |
470 |
0,060 |
471 |
Três Palmeiras |
0,041 |
322 |
0,051 |
456 |
0,053 |
479 |
0,056 |
478 |
0,058 |
477 |
Seberi |
0,194 |
233 |
0,051 |
454 |
0,052 |
483 |
0,054 |
484 |
0,056 |
483 |
Rio Grande do Sul |
0,457 |
0,561 |
0,563 |
0,564 |
0,565 |
Fonte: fee/Centro de Informações Estatísticas (cie).
*Municípios não existentes em 1991.
3.3.4. Saúde
Para este
indicador, todos os municípios obtiveram ligeira queda e pioraram seus
posicionamentos em relação aos demais municípios do Rio Grande do Sul (Quadro
5), apesar da melhora dos indicadores de Educação e Renda.
Quadro 5
Evolução do
indicador de Saúde nos municípios do Médio alto Uruguai
1991 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
||||||
Saúde |
Saúde |
Saúde |
Saúde |
Saúde |
||||||
Municípios |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Rodeio Bonito |
0,915 |
3 |
0,874 |
182 |
0,885 |
110 |
0,878 |
117 |
0,882 |
78 |
Três Palmeiras |
0,885 |
29 |
0,887 |
85 |
0,888 |
92 |
0,882 |
90 |
0,880 |
89 |
Liberato Salzano |
0,862 |
89 |
0,899 |
41 |
0,898 |
41 |
0,884 |
64 |
0,880 |
91 |
Novo Tiradentes |
* |
* |
0,888 |
80 |
0,888 |
85 |
0,874 |
149 |
0,869 |
138 |
Pinheirinho do Vale |
* |
* |
0,880 |
131 |
0,880 |
146 |
0,866 |
190 |
0,861 |
198 |
Cerro Grande |
0,860 |
106 |
0,879 |
151 |
0,889 |
76 |
0,860 |
234 |
0,855 |
243 |
Vista Alegre |
0,835 |
203 |
0,882 |
116 |
0,854 |
295 |
0,849 |
313 |
0,845 |
307 |
Seberi |
0,857 |
119 |
0,855 |
302 |
0,854 |
299 |
0,853 |
270 |
0,843 |
316 |
Dois Irmãos
das Missões |
* |
* |
0,855 |
296 |
0,855 |
289 |
0,841 |
370 |
0,836 |
363 |
Pinhal |
0,801 |
294 |
0,885 |
104 |
0,842 |
383 |
0,832 |
415 |
0,832 |
389 |
Jaboticaba |
0,839 |
188 |
0,814 |
452 |
0,838 |
406 |
0,809 |
484 |
0,829 |
417 |
Palmitinho |
0,850 |
147 |
0,821 |
439 |
0,808 |
484 |
0,805 |
488 |
0,816 |
462 |
Alpestre |
0,834 |
205 |
0,821 |
440 |
0,808 |
485 |
0,805 |
489 |
0,816 |
463 |
Nonoai |
0,838 |
190 |
0,825 |
430 |
0,824 |
453 |
0,823 |
449 |
0,813 |
475 |
Rio Grande do Sul |
0,821 |
0,852 |
0,848 |
0,844 |
0,841 |
Fonte: fee/Centro
de Informações Estatísticas (cie).
*Municípios
não existentes em 1991.
3.3.5. Idese
Neste indicador,
apesar de todos os municípios da região terem melhorado, somente Vista Alegre
melhorou seu posicionamento em relação aos demais municípios do Rio Grande do
Sul. Os outros pioraram (Quadro 6). Não foi possível correlacionar os
indicadores, embora a melhoria, ainda que modesta nos indicadores de educação e
renda, não colaboraram para uma melhora no indicador de saúde, o que parece ser
um descompasso entre o ensino formal medido pelo indicador e a cultura local,
que reflete os usos e costumes dos moradores da região.
Quadro 6
Evolução do
Indicador de Desenvolvimento Sócio-Econômico (idese)
nos municípios do Médio alto Uruguai
1991 |
2000 |
2001 |
20002 |
2003 |
||||||
Idese |
Idese |
Idese |
Idese |
Idese |
||||||
Municípios |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Índice |
Ordem |
Vista Alegre |
0,582 |
234 |
0,689 |
189 |
0,698 |
180 |
0,691 |
206 |
0,717 |
168 |
Rodeio Bonito |
0,617 |
162 |
0,679 |
212 |
0,683 |
224 |
0,692 |
204 |
0,700 |
208 |
Pinhal |
0,581 |
238 |
0,670 |
238 |
0,661 |
293 |
0,666 |
286 |
0,667 |
303 |
Nonoai |
0,549 |
294 |
0,644 |
312 |
0,651 |
319 |
0,646 |
337 |
0,666 |
304 |
Cerro Grande |
0,544 |
301 |
0,650 |
300 |
0,651 |
315 |
0,646 |
338 |
0,650 |
346 |
Dois Irmãos das Missões |
* |
* |
0,606 |
384 |
0,611 |
395 |
0,617 |
397 |
0,636 |
373 |
Seberi |
0,591 |
219 |
0,610 |
373 |
0,614 |
388 |
0,627 |
375 |
0,635 |
375 |
Liberato Salzano |
0,550 |
289 |
0,606 |
382 |
0,606 |
412 |
0,610 |
412 |
0,613 |
418 |
Pinheirinho do Vale |
* |
* |
0,597 |
405 |
0,599 |
420 |
0,605 |
416 |
0,609 |
423 |
Novo Tiradentes |
* |
* |
0,590 |
413 |
0,591 |
437 |
0,596 |
438 |
0,605 |
431 |
Alpestre |
0,511 |
329 |
0,566 |
441 |
0,586 |
444 |
0,586 |
450 |
0,601 |
437 |
Jaboticaba |
0,536 |
309 |
0,581 |
425 |
0,589 |
442 |
0,592 |
444 |
0,601 |
440 |
Três Palmeiras |
0,533 |
312 |
0,579 |
426 |
0,579 |
453 |
0,581 |
455 |
0,582 |
463 |
Palmitinho |
0,515 |
326 |
0,544 |
459 |
0,542 |
485 |
0,545 |
488 |
0,554 |
490 |
Rio Grande do Sul |
0,688 |
0,752 |
0,751 |
0,753 |
0,757 |
Fonte: fee/Centro
de Informações Estatísticas (cie).
*Municípios
não existentes em 1991.
4. Análises dos sistemas,
tecnologia da informação e planejamentos municipais
As referidas
análises contemplam o estudo de caso nas 14 pequenas cidades, anteriormente
caracterizadas, considerando: unidade ou departamento da tecnologia da
informação ou informática; os recursos da tecnologia da informação; os sistemas
de informação; os planos e planejamentos municipais; e as contribuições e
alinhamento dos sistemas de informação e da tecnologia da informação aos planos
e planejamentos municipais.
4.1. Análise da
unidade da tecnologia da informação
No que tange a
variável subordinação da Unidade da Tecnologia da Informação ou Departamento de
Informática, em 10 municípios (71,4%) não existia essa unidade na prefeitura.
Em 2 municípios estava subordinada ao Gabinete do Prefeito e em outros 2
municípios à Secretaria de Administração e à Secretaria de Planejamento,
respectivamente.
Em nenhum
município existia um Instituto Externo à prefeitura para desenvolver as
atividades de tecnologia da informação.
Quanto ao número
de servidores públicos municipais na Unidade da Tecnologia da Informação, em 10
prefeituras (71,4%) não existia servidores públicos municipais nessa unidade.
Em 3 prefeituras existia apenas 1 servidor responsável por essa unidade e em 1
prefeitura existiam 2 servidores nessa unidade.
Com relação ao
número de prestadores de serviços na Unidade de Tecnologia da Informação
(externos à prefeitura) em 5 prefeituras (35,7%) tinha apenas 1 prestador. Em 6
prefeituras existiam 2 prestadores, em 1 prefeitura 3 prestadores e em outras 2
prefeituras existiam 4 prestadores de serviço.
O valor da
arrecadação destinado aos recursos da tecnologia da informação não eram
destinados para 5 prefeituras (35,7%). Para outras 6 prefeituras esse valor
estava entre 20 e 35 mil reais anuais. E para outras 3 prefeituras,
respectivamente, 4, 60 e 100 mil reais por ano para investimentos em tecnologia
da informação no município.
Os treinamentos
de tecnologia da informação para os técnicos da unidade da tecnologia da
informação não eram oferecidos em 9 prefeituras (64,2%). Em 3 prefeituras eram
oferecidos treinamentos para os sistemas (pacotes externos dos prestadores de
serviços). Em 2 prefeituras eram treinados nos recursos básicos de informática
e nos sistemas externos.
A última
variável de pesquisa desse construto diz respeito aos treinamentos de
tecnologia da informação para os usuários (servidores públicos municipais), os
quais não eram elaborados em 8 prefeituras (57,1%). Em 5 prefeituras eram
oferecidos treinamentos nos recursos básicos de informática e nos sistemas
(pacotes externos dos prestadores de serviços). E em 1 prefeitura eram
treinados apenas nos sistemas externos dos prestadores de serviços.
Algumas
considerações podem ser descritas sobre o construto Unidade da Tecnologia da
Informação. O alto percentual de inexistência dessa unidade é correlacionado
com a necessidade da utilização de empresas prestadoras de serviços de sistemas
externos e como conseqüência, a substituição de servidores públicos municipais
por prestadores de serviços nas atividades da tecnologia da informação. Também
chama a atenção o percentual de prefeituras que não destinam recursos
financeiros para essa unidade, e, por outro lado, o baixo percentual de
treinamentos para capacitar os seus recursos humanos.
4.2. Análise dos
recursos da tecnologia da informação
No que diz
respeito a variável número de computadores (hardware) na prefeitura,
secretarias municipais e demais órgãos municipais, a média é de 23
microcomputadores. Em 8 municípios esse número fica entre 10 e 22 equipamentos,
em 6 municípios entre 30 e 40 equipamentos.
Todos os
municípios possuíam apenas microcomputadores, incluindo os computadores
servidores em rede.
Com relação ao
sistema operacional, o software utilizado na prefeitura, secretarias municipais
e demais órgãos em 10 municípios (71,4%) era o Windows. Em 4 municípios era o Windows e Linux.
Foram
identificadas 9 diferentes linguagens de programação nos municípios. A mais
utilizada era o Cobol (em 6 prefeituras, 42,8%). E em
outras 4 prefeituras: Access; Delphi; e Clipper.
Quanto às outras
tecnologias que mereçam destaque nos municípios, em apenas 1 prefeitura foram
citados os recursos de Wirelles para Monitoramento de Tráfego e
Geoprocessamento. Nas demais prefeituras não foram destacadas outras
tecnologias da informação em utilização.
Com relação aos
sistemas de telecomunicação, o software de rede utilizado na prefeitura,
secretarias municipais e demais órgãos de todos os municípios (100%) era o Windows.
O tipo de
cabeamento e equipamentos utilizados para telecomunicação em 7 municípios (50%)
era o coaxial, sendo que em 6 prefeituras eram utilizadas também as antenas de
rádio. Em outros 7 municípios eram utilizados o par trançado, sendo que em 3
com antenas de rádio e em 1 com Wirelles.
A gestão de
dados e informação no tocante às formas de cópias (backups) utilizadas na prefeitura,
secretarias municipais e demais órgãos municipais, em 4 municípios (28,5%) essa
atividade era manual. Nos outros 10 municípios as cópias eram feitas via
sistema, sendo que em 6 municípios os dados eram armazenados em servidores e em
outros 6 municípios eram guardados em meios magnéticos.
A forma de
recuperação de dados (restores) era elaborada manualmente em 12
municípios (85,7%) e somente quando necessário. Nos outros 2 municípios era
elaborada via sistema com comandos específicos.
As senhas para
acesso aos dados dos sistemas em 7 municípios (50%) eram definidas pelo sistema
por usuário e departamento. Em outros 7 municípios não existiam senhas, o
sistema era aberto a todos os usuários (servidores públicos municipais).
A última
variável de pesquisa desse construto, os níveis de navegação nas informações
dos sistemas, em 5 municípios (35,7%) eram determinados pelo sistema por
usuário e departamento. Em outros 9 municípios não existiam níveis de
navegação, o sistema era aberto a todos os usuários (servidores públicos
municipais).
As considerações
desse construto estão relacionadas com a inexistência de grandes computadores
nos municípios e com o uso enfatizado de software proprietário (Windows) em oposição ao software “aberto ou
livre” (Linux).
As linguagens de programação utilizadas retratam a alta dependência dos
prestadores de serviços de sistemas (pacotes externos), a inexistência de
tecnologias dominadas pelas prefeituras e a precária estrutura de gestão de
dados e informação.
4.3. Análise dos
sistemas de informação
No que concerne a
variável sistemas municipais informatizados, foram identificados 12 diferentes
aplicativos nos municípios. Os sistemas mais presentes nas prefeituras foram:
Arrecadação e Tributação; Contabilidade; e Folha de Pagamento. Esses sistemas
estavam presentes em 14, 10 e 10 municípios, respectivamente. E entre 9 e 4
municípios estavam presentes os sistemas: Educação; Saúde; Agricultura (rural);
Contas públicas (financeiro); Frotas; Compras (e licitação); Estoque
(materiais); e Patrimônio.
Do ponto de
vista de integração, em apenas 5 municípios (35,7%) os sistemas municipais eram
integrados automaticamente (via software de pacotes externos das empresas
prestadoras de serviços). Em 6 municípios os sistemas municipais eram
parcialmente integrados, ou seja, apenas partes dos softwares em uso eram
integrados automaticamente. Em outros 3 municípios os sistemas municipais não
eram integrados, nem parcialmente.
Os sistemas
municipais gerenciais e estratégicos não foram identificados em nenhum
município. Em 4 municípios (28,7%) foram identificados apenas relatórios
gerenciais gerados dos sistemas municipais nas prefeituras.
A última
variável de pesquisa desse construto diz respeito aos sistemas de governo
eletrônico (e-gov)
ou portal municipal, os quais não foram identificados em 10 municípios (71,4%).
Em 4 municípios o site tinha sido desenvolvido em parceria
com um fornecedor desse tipo de serviço e não via governo (www.rs.gov.br).
Nesse construto
podem ser relatadas algumas considerações. O alto percentual de não integração
sistêmica reitera a dependência dos prestadores de serviços de sistemas para
manutenção dos mesmos. Quase total inexistência de informações ou indicadores
gerenciais ou estratégicos nos municípios dificultando as decisões dos
gestores. Nenhum município tinha um portal da cidade, dificultando a divulgação
e disseminação eletrônica de informações municipais e compartilhamento de conhecimentos
dos munícipes.
4.4. Análise dos
planos e planejamentos municipais
A primeira
variável é uma exigência legal para todos os municípios. Dessa forma, o Plano
Plurianual Municipal (ppam) foi
identificado em todos os municípios. Em 9 municípios (64,2%) foi
convencionalmente elaborado com audiências públicas e já estava aprovado pela
Câmara Municipal. Em 5 municípios tinha sido elaborado a partir do ppam anterior, com base no Programa de
Governo do prefeito atual e estava aprovado pela Câmara Municipal.
O Plano Diretor
Municipal (pdm) não existia em
todos os municípios, apesar de que em 2 municípios o pdm estava em processo de início de elaboração (com apoio de
consultoria externa).
O Planejamento
Estratégico Municipal (pem) não
existia em todos os municípios, apesar de que em 2 municípios foram elaborados
projetos parciais que tinham características estratégicas.
O Planejamento
Estratégico dos Sistemas de Informação e da Tecnologia da Informação (pesiti) não existia em todos os
municípios, apesar de que em 3 municípios existiam projetos parciais com
características pertinentes.
O Planejamento
dos Recursos Humanos (prh) para os
servidores públicos municipais não foi identificado em nenhum município. Apesar
de que em 2 municípios existiam projetos parciais com levantamento de pessoal
necessário para os órgãos e secretarias municipais, elaborados em conjunto com
o Setor de Recursos Humanos da prefeitura.
Quanto ao
alinhamento ou integração entre os planos e planejamentos municipais, como os
municípios não possuíam todos esses projetos, esse alinhamento não existia
totalmente. Em 2 municípios, considerando apenas ppam e pem,
eram parcialmente alinhados.
A última
variável desse construto (fatores que sustentam o alinhamento ou a integração
entre os planos e planejamentos municipais) foi identificada apenas nos 2
municípios que tinham o ppam e o pem parcialmente alinhados. Os fatores
integradores foram: planejamentos e orçamentos participativos; humanos;
políticos; sistêmicos; e tecnológicos. O primeiro fator teve 2 citações e os
demais apenas 1 citação.
Determinadas
considerações podem ser expostas sobre esse construto. Como é exigido por lei,
o ppam foi elaborado em todos os
municípios. Apesar de não obrigatório para os municípios pesquisados, em 2
municípios o pdm estava sendo
iniciado. O pem tinha sido
elaborado parcialmente em apenas 2 municípios. O pesiti e prh
não tinham sido elaborados em todos os municípios. Observa-se que o
planejamento não é um habitual instrumento de gestão dos municípios, muito menos
de participação dos munícipes na condução das cidades.
4.5. Contribuições e
alinhamento da tecnologia da informação
Quanto a variável
forma de contribuição dos sistemas de informação e da tecnologia da informação,
em 4 municípios (28,5%) não foram citadas contribuições, ou seja, alegaram que
esses recursos não contribuem em nada nos planos, planejamentos e gestão
municipais.
Nos demais 10
municípios foram citados as contribuições. A maior contribuição (7 citações)
está relacionada ao controle interno, seguidas da avaliação dos dados
municipais, apoio à gestão municipal, ao auxílio à prestação dos serviços
municipais, com 4, 3 e 3 citações respectivamente. Também aparecem com 2 e 1 as
respectivas citações: redistribuição dos recursos humanos, materiais e
financeiros; e com os sistemas de informação e a tecnologia da informação como
instrumentos de integração na prefeitura.
E finalmente
quanto ao percentual de alinhamento entre a tecnologia da informação e Plano
Plurianual Municipal, as respostas foram: 20%; 30%; 30%; 50%; 60%; 70%; 70%;
70%; 70%; 75%; 80%; 80%; 85%; e 90%. A média foi de 62,8%. Esses percentuais
foram justificados pelos respondentes com os seguintes fatores (e ocorrências)
que sustentam o referido alinhamento: dados e informações disponíveis (8);
rapidez nas tarefas e agilidade dos processos (7); confiabilidade nas
informações (6); qualidade e agilidade nos trabalhos (5); integração entre os
dados das diversas secretarias (5); segurança nas informações (3); recursos
tecnológicos disponíveis (2); suporte para prestação de contas (1); e suporte
para elaboração de programas e projetos (1 ocorrência).
A primeira consideração desse construto da
pesquisa está relacionada com o alto percentual declarado (71,4%) que os
sistemas de informação e a tecnologia da informação contribuem com os planos e
planejamentos municipais e com a gestão das cidades. A segunda, está
relacionada com os percentuais declarados de alinhamento, relativamente altos
na média. Isso é relevante em pequenos municípios (ou cidades) que possuem
restritos recursos tecnológicos.
Conclusão
As dificuldades
nas cidades (ou municípios) de caráter sociais, ambientais, culturais,
políticas, econômicas, financeiras e competitivas são inquestionáveis e foram
vivenciadas nessa pesquisa. Tais dificuldades requerem dos gestores das cidades
instrumentos de planejamento participativo para atender as exigências legais e
para satisfazer as demandas de qualidade de vida mais adequada aos cidadãos.
Para tanto, os planos e planejamentos municipais tornam-se inexoráveis
instrumentos de gestão de cidades e de prefeituras. Além das pressões dos
cidadãos, tal inexorabilidade também está pautada na obediência às legislações
mencionadas na Fundamentação Teórica. Essas questões sugerem diferenciadas
formas de gerir as cidades e demandam competências austeras dos gestores das
cidades nas suas ações cotidianas que envolvem os cidadãos e os diversos atores
sociais relacionados com a cidade. Tais competências podem ser traduzidas em
atividades de planejamento e gestão municipal para conduzir a cidade com o
efetivo apoio participativo dos cidadãos. Essas atividades podem ser
facilitadas pela utilização dos sistemas de informação alicerçados pelos
recursos da tecnologia da informação e integrados ou alinhados com os planos e
planejamentos municipais. Em especial, nas pequenas cidades pesquisadas, essas
dificuldades são maiores considerando as limitações dos múltiplos recursos
disponíveis.
Como o objetivo
desse trabalho foi de analisar a integração dos sistemas de informação e dos
recursos da tecnologia da informação nos planos e nos planejamentos municipais
das cidades pesquisadas, algumas considerações foram elaboradas. As
considerações descritas nas análises das 14 cidades pesquisadas estão
relacionadas com os construtos do protocolo de pesquisa. Com a questionável
necessidade de uma Unidade da Tecnologia da Informação nas prefeituras, com as
relações com as empresas prestadoras de serviços de sistemas externos e com os
pormenores dos recursos da tecnologia da informação. Esses pormenores dizem
respeito às questões técnicas quantitativas e qualitativas de software,
hardware, gestão de dados e informação, chamando atenção o alto percentual do
uso de software proprietário e a dependência dos prestadores de serviços de sistemas
(pacotes externos). Também exigem reflexão à falta de informações ou
indicadores gerenciais ou estratégicos para fins de apoio às decisões dos
gestores das cidades, à pouca integração dos planos municipais e à falta de
alguns planejamentos municipais como instrumentos de gestão operacional e
estratégica da cidade. O agravante é que para 4 prefeituras os sistemas de
informação e a tecnologia da informação não contribuem efetivamente com os
planos e planejamentos municipais e com a gestão das cidades. Essas
considerações retratam o questionável percentual declarado de alinhamento da
tecnologia da informação com o Plano Plurianual Municipal. No que tange aos
indicadores das cidades apresentados, pode-se inferir que existe uma relação
com o baixo alinhamento entre os planos e planejamentos municipais e
respectivas faltas de efetivas de contribuições dos sistemas de informação e da
tecnologia da informação.
Observa-se que
apesar das dificuldades apresentadas pelas cidades pesquisadas, principalmente
no que tange ao alinhamento dos planos e planejamentos municipais e a
tecnologia da informação, não resta dúvida que os sistemas de informação e os
recursos da tecnologia da informação, podem contribuir na gestão das
prefeituras e no desenvolvimento local das cidades e suas instituições.
Eventualmente com a formalidade da elaboração dos planos e planejamentos
municipais e com efetiva participação da sociedade civil organizada e seus
cidadãos, as cidades que apresentaram baixos indicadores possam melhorar os mesmos.
Mas isso não acontece da noite para o dia, será necessário iniciar uma adequada
estruturação dos dados da cidade para possibilitar a disponibilização
compartilhada das informações e dos conhecimentos da cidade e dos cidadãos. A
partir dessa estruturação, deve-se ampliar a capacitação e o acompanhamento dos
servidores e gestores das cidades nos sistemas de informação e nos recursos da
tecnologia da informação, para que os mesmos acreditem nessas ferramentas
auxiliares de planejamento e gestão. À medida que internamente na prefeitura se
acredite nessas ferramentas, podem-se iniciar trabalhos similares junto aos
cidadãos. Nesse sentido, além de favorecer a integração ou o alinhamento, as
atividades de planejamento e de gestão municipal podem ser compartilhadas com
os cidadãos e com os demais interessados na cidade. Por um lado esse
compartilhamento pode ajudar ou tornar menos densa a administração local e as
atividades dos Prefeitos e Secretários Municipais, pois as atuações desses
gestores de cidades seriam descentralizadas e provavelmente mais ágeis e
efetivas. Isso corroboraria com o compartilhamento do poder do governo
municipal com os cidadãos e demais interessados na cidade. Por outro lado, a
efetiva participação nas atividades de planejamento e de gestão municipal,
motiva os cidadãos a entender e vivenciar a cidade. Também valoriza a sua vida
cívica, permite o envolvimento no crescimento de sua cidade e possibilita o
desenvolvimento de ações sociais e políticas de sua cidade. Isso pode diminuir
suas angústias e suas pressões sem propósitos junto à administração municipal.
Ambas as abordagens podem cooperar nos fatores competitivos entre as cidades e
no conseqüente aumento da disposição moral, social, intelectual e política dos
seus cidadãos.
Essa pesquisa
reitera a necessidade da integração ou alinhamento e a viabilidade das relações
e das contribuições da tecnologia da informação nos planos e planejamentos
municipais e na gestão de prefeituras descritas a partir do protocolo de
pesquisa definido.
No que tange as
contribuições desse trabalho, elas estão direcionadas para a academia, para as
cidades participantes e para outras cidades brasileiras e de outros países.
Para a academia destacam-se as análises quantitativas e qualitativas realizadas
para motivar outros estudos teóricos. O estudo narrado também pode facilitar
outras pesquisas aplicadas em cidades e em prefeituras para entender e sugerir
alternativas para os seus desafios emergentes de planejamento e de gestão que
envolve seus cidadãos, servidores, gestores das cidades e demais interessados
na cidade e nas cidades circunvizinhas. Para as cidades e prefeituras
pesquisadas esse trabalho contribuiu com a descrição das relações e das
contribuições da tecnologia da informação nos planos e planejamentos municipais
e na gestão de cidades e prefeituras, permitindo um entendimento mais
abrangente sobre essas questões. E para outras cidades esse trabalho pode
contribuir no estabelecimento de analogias entre cidades. É possível que boas
práticas demonstradas por uma determinada cidade possam ser estendidas para
outras cidades ou prefeituras interessadas.
As limitações
dessa pesquisa estão relacionadas com o acesso às pessoas responsáveis pelas
Unidades de Planejamento e de Informática das prefeituras dispostas a
participar do estudo. E com o método escolhido (estudo de caso múltiplo) que
não permite a generalização para todas as cidades brasileiras e de outros
países.
Finalizando,
observa-se que apesar das dificuldades levantadas nas 14 cidades participantes,
o que de fato favorece a integração ou o alinhamento e viabiliza as
contribuições e as relações da tecnologia da informação nos planos e
planejamentos municipais e na gestão das prefeituras, são os fatores humanos.
São os servidores públicos municipais que nas suas atividades operacionais,
muitas vezes manuscritas, é que conduzem as prefeituras, pelo esforço
individual, inovador e empreendedor, demonstrado nas atividades coletivas e
participativas nas cidades. Esses fatores integrados podem diminuir a exclusão
social na cidade e aumentar participação política dos cidadãos visando a sua
qualidade de vida.
Referências
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de Aquino et al.
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plurianual, lei de diretrizes orçamentárias e lei orçamentária anual, Atlas, São Paulo, Brasil.
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Recibido:
5 de junio de 2006.
Aceptado:
25 de septiembre de 2007.
Denis Alcides Rezende. É pós-doutor em Administração pela Universidade de São
Paulo (fea/usp), doutor em Gestão
da Tecnologia da Informação pela Universidade Federal de Santa Catarina (ufsc), mestre em Informática pela
Universidade Federal do Paraná (ufpr),
com especialização em Magistério Superior (utp/pr),
graduado em Administração de Empresas (fadeps/pr)
e em Processamento de Dados (facet-utt/pr),
todas instituições brasileiras. Com diversos cursos na área de informática,
administração, gestão, comportamento e didática. Atualmente além de consultor,
é professor-pesquisador no Mestrado em Gestão Urbana na Pontifícia Universidade
Católica do Paraná no Brasil (pucpr).
Sua linha de pesquisa atual é Planejamento Estratégico municipal e Tecnologia
da Informação, com Bolsa pdj (cnpq). Também leciona na fae Business
School. Seus últimos
livros publicados são: Planejamento Estratégico Municipal: empreendedorismo
participativo nas cidades, prefeituras e organizações públicas, pela Editora
Brasport - Rio de Janeiro; Planejamento de informações públicas municipais:
guia para planejar sistemas de informação, informática e governo eletrônico nas
prefeituras e municípios, pela Editora Atlas, São Paulo; Sistemas de
informações organizacionais: guia prático para projetos em cursos de
administração, contabilidade e informática, pela Editora Atlas, São Paulo. É
autor e co-autor de mais de 100 artigos científicos publicados (revistas e
congressos nacionais e internacionais).
José Augusto Guagliardi. É Ph.D pela University of Texas System
(usa), administrador e mestre em
administração pela Universidade de São Paulo (fea/usp-Brasil).
Atualmente é professor titular, pesquisador e livre docente no Programa de
Pós-Doutorado da fea/usp. Sua
linha de pesquisa atual é Marketing Municipal, Planejamento Estratégico
municipal e Tecnologia da Informação. Seus últimos artigos publicados são:
Rezende, D. A.; Guagliardi, J. A. Alinhamento, Contribuições e Relações da
Tecnologia da Informação com Planos e Planejamentos Municipais: Survey em
Prefeituras Brasileiras na rausp -
Revista de Administração, 2007; Rezende, D. A.; Guagliardi, J. A. Sistemas de
informação e de conhecimentos para contribuir na gestão municipal na Revista Produto
& produção - ufrgs, 2005.
Andréa
Zamin Saad.
É mestre em Desenvolvimento Gestão e Cidadania pela Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Atualmente é Diretora do
PMTec/URI – Pólo de Modernização Tecnológica do Médio Alto Uruguai e
Supervisora do Programa Redes de Cooperação. Atua como docente em cursos de
pós-graduação. Sua linha de pesquisa atualmente está ligada à gestão pública e
ao desenvolvimento regional. Entre suas publicações destacam-se: A Região do
Médio Alto Uruguai do Estado do Rio Grande do Sul. In: Fernando Guilherme
Tenório (org.). Cidadania e Desenvolvimento. Ijuí: Unijuí, 2007, v.1,
p.427-486. Condicionantes Históricos e Determinantes Contemporâneos do
Desenvolvimento Regional no Rio Grande do Sul. In: José Raimundo Carvalho;
Klaus Hermanns (Org.). Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional no Brasil.
1 ed. Fortaleza/CE: Fundação Konrad Adenauer, 2005, v. 1, p. 211-238. Políticas Públicas: da imposição à construção
de um processo participativo em busca do desenvolvimento econômico e social, o
caso do município de Alpestre/RS, Brasil. In: X Congreso Internacional del clad: sobre la Reforma del Estado y la
Administración Pública, 2005, Santiago/Chile, 2005. 15p.